Objeções ao Rosário
- A oportunidade desta iniciativa emerge de distintas considerações. A primeira refere-se à urgência de fazer frente a uma certa crise desta oração, correndo o risco, no actual contexto histórico e teológico, de ser erradamente debilitada no seu valor e, por conseguinte, escassamente proposta às novas gerações. Pensam alguns que a centralidade da Liturgia, justamente ressaltada pelo Concílio Ecuménico Vaticano II, tenha como necessária consequência uma diminuição da importância do Rosário. Na verdade, como precisou Paulo VI, esta oração não só não se opõe à Liturgia, mas serve-lhe de apoio, visto que introduz nela e dá-lhe continuidade, permitindo vivê-la com plena participação interior e recolhendo seus frutos na vida quotidiana.
Pode haver também quem tema que o Rosário possa revelar-se pouco ecuménico pelo seu carácter marcadamente mariano. Na verdade, situa-se no mais claro horizonte de um culto à Mãe de Deus tal como o Concílio delineou: um culto orientado ao centro cristológico da fé cristã, de forma que, « honrando a Mãe, melhor se conheça, ame e glorifique o Filho ».(8) Se adequadamente compreendido, o Rosário é certamente uma ajuda, não um obstáculo, para o ecumenismo!
Caminho de contemplação
- Porém, o motivo mais importante para propor com insistência a prática do Rosário reside no facto de este constituir um meio validíssimo para favorecer entre os crentes aquele compromisso de contemplação do mistério cristão que propus, na Carta apostólica Novo millennio ineunte, como verdadeira e própria pedagogia da santidade: « Há necessidade dum cristianismo que se destaque principalmente pela arte da oração ».(9)Enquanto que na cultura contemporânea, mesmo entre tantas contradições, emerge uma nova exigência de espiritualidade, solicitada inclusive pela influência de outras religiões, é extremamente urgente que as nossas comunidades cristãs se tornem « autênticas escolas de oração ».(10)
O Rosário situa-se na melhor e mais garantida tradição da contemplação cristã. Desenvolvido no Ocidente, é oração tipicamente meditativa e corresponde, de certo modo, à « oração do coração » ou « oração de Jesus » germinada no húmus do Oriente cristão.
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